A inflação alta acaba não sendo novidade para o investidor brasileiro. Nos últimos 5 anos, a inflação acumulada atingiu 33% no Brasil. Mas, você sabe de fato como a alta deste índice pode afetar seus investimentos? Preparamos um estudo exclusivo com o retorno das ações em bolsa nos últimos 5 anos e quais dessas ações superaram a inflação acumulada nos últimos anos.
Aqui você encontra:
- O que é inflação;
- O que é IPCA;
- Como o IPCA é calculado;
- Como o IPCA impacta seus investimentos;
- Empresas que apresentaram retornos acima de 1000%;
- E muito mais.
O que é inflação?
Inflação nada mais é do que o encarecimento de bens e serviços no Brasil, que resulta na perda do poder de compra da população. Você já deve ter notado que, com R$ 100,00, você não consegue mais comprar os mesmos produtos que compraria há 5 anos. Isso ocorre devido à inflação.
Como medida para controlar inflação, o Banco Central aumenta a taxa de juros no país. Isso acarreta o fato de empresas buscarem menos empréstimos para crescimento e os investidores migrarem para renda fixa, por ser um tipo de investimento com um risco menor que a renda variável.
No Brasil, a inflação é calculada por meio do IPCA.
O que é IPCA?
O IPCA é um dos indicadores de inflação mais tradicionais do Brasil. Este medidor foi criado em 1979 com o intuito de verificar a variação dos preços de produtos e serviços vendidos no varejo brasileiro.
Ele é projetado para cobrir 90% da população do país em áreas urbanas — por isso é chamado “amplo”. O resultado do cálculo indica se na média, os preços aumentaram, diminuíram ou se estabilizaram entre os meses.
Mas como o IPCA é calculado?
Em sua metodologia são analisadas famílias que tem como rendimento entre 1 e 40 salários mínimos. Para se chegar neste índice, são coletados os preços entre o primeiro dia e o último dia de cada mês em lojas e prestadoras de serviços, concessionárias de serviços públicos (como, por exemplo, água e energia elétrica) e a internet.
Os produtos coletados são variados. Entram, por exemplo, itens como arroz e feijão, mas também serviços como consultas médicas, gastos com mensalidades escolares e atividades relacionadas ao lazer.
O IPCA é o indicador central, mas outros semelhantes giram em torno dele. Como, por exemplo, o IPCA-15, que segue a mesma metodologia, mas difere no período de coleta. Já o IPCA-E representa o índice acumulado a cada trimestre pelo IPCA-15.
Como é definida a composição da coleta?
Para chegar à composição de uma cesta de produtos e serviços cujos preços serão monitorados regularmente, o IBGE parte da Pesquisa de Orçamentos Familiares — POF.
Essa lista mensura os hábitos de consumo das pessoas, fazendo a equivalência da importância de cada tipo de gasto no orçamento médio dos brasileiros.
A POF é atualizada de tempos em tempos, já que os hábitos mudam com frequência, e quando essa atualização ocorre, o cálculo do IPCA também muda. Isso visa fazer com que o índice reflita de fato a realidade do brasileiro.
A última atualização do IPCA foi realizada em 2020, somando 377 diferentes itens que os preços passaram a ser coletados, divididos em nove diferentes grupos:
Grupo | Peso |
Alimentação e bebidas | 19,3% |
Habitação | 15,6% |
Artigos de residência | 3,8% |
Vestuário | 4,6% |
Transportes | 20,6% |
Saúde e cuidados pessoais | 13,5% |
Despesas pessoais | 10,7% |
Educação | 6,1% |
Comunicação | 5,7% |
Fonte: Instituto brasileiro de geografia e estatística (IBGE)
É importante lembrar que as regiões do Brasil têm pesos diferentes na composição do IPCA. Os dados foram coletados nas regiões metropolitanas de 16 capitais, mas cada uma tem uma representação específica nos cálculos.
O que determina essa diferença é a renda familiar média. Portanto, locais de maior renda têm maior impacto no IPCA e vice-versa. A estrutura de peso regional deste indicador é a seguinte:
Área | Peso (%) |
Rio Branco | 0,50% |
Belém | 3,90% |
São Luís | 1,60% |
Fortaleza | 3,20% |
Recife | 3,90% |
Aracaju | 1,00% |
Salvador | 6,00% |
Belo Horizonte | 9,70% |
Vitória | 1,90% |
Rio de Janeiro | 9,40% |
São Paulo | 32,20% |
Curitiba | 8,10% |
Porto Alegre | 8,60% |
Campo Grande | 1,60% |
Goiânia | 4,20% |
Brasília | 4,06% |
Fonte: Instituto brasileiro de geografia e estatística (IBGE)
Para que é usado o IPCA?
A importância do IPCA se reflete no fato dele fazer parte da importante estratégia de política monetária do Brasil – é o indicador de referência para o sistema de metas de inflação criado em 1999.
Desse modo, o país se compromete a adotar estratégias para conseguir manter a inflação dentro de uma faixa fixada periodicamente pelo Conselho Monetário Nacional.
Para fazer cumprir a meta de inflação, o BACEN (Banco Central) tem como principal ferramenta a taxa de juros: Selic.
Por isso, a própria Selic — juros básicos da economia brasileira — costuma ser aumentada quando os preços começam a subir. Vale destacar que taxas mais altas tendem a encarecer o crédito e frear o consumo.
Como o IPCA impacta os investimentos?
Para sabermos como o IPCA nos atinge financeiramente, primeiramente precisamos entender o conceito de rentabilidade real. A rentabilidade real é o quanto a sua aplicação rendeu após descontada a variação da inflação.
Se o seu investimento render exatamente o valor da inflação, sem nada mais de rentabilidade real, significa que você manteve o seu poder de compra, ou seja, você compra com o seu dinheiro hoje, a mesma coisa que comprava antes de aplicá-lo. Se ele render menos do que a inflação, você perdeu poder de compra.
Com isso, constata-se que variações do IPCA têm efeitos diretos sobre a rentabilidade real dos investimentos.
Por fim, nossa equipe buscou analisar o retorno das ações negociadas na bolsa de valores nos últimos 5 anos, com o intuito de verificar se as empresas, no longo prazo, conseguem obter uma rentabilidade acima da inflação acumulada.
Retornos das ações negociadas na bolsa — últimos 5 anos
Ano | Quantidade de Ações | % que superou a inflação acumulada |
Último 12 meses | 465 | 11,40% |
Último 2 anos | 412 | 36,89% |
Último 3 anos | 399 | 49,87% |
Último 4 anos | 396 | 61,87% |
Último 5 anos | 387 | 64,86% |
Fonte: Plataforma 2INVESTE
Observa-se que, com o passar dos anos, a quantidade de ações que superaram a inflação acumulada só aumenta, saltando de 11,40% nos últimos 12 meses para quase 65% nos últimos 5 anos.
Isso demostra que, no curto prazo, com inflação alta, é bem provável que seus investimentos possam estar rendendo um pouco abaixo da inflação. Porém, com o passar dos anos, a expectativa é que as empresas consigam recuperar a rentabilidade para o acionista.
Com isso, realizamos outro levantamento usando a plataforma da 2INVESTE, analisando desde o ano de 2015, ano em que a inflação no Brasil também chegou a patamares de 2 dígitos.
Em um universo de 367 ações, 61% superaram a inflação acumulada, que foi de 58,43%. Não só isso, mas o próprio IBOVESPA tem retorno acima de 100% no período.
Assim, os investidores que investiram na bolsa em pleno momento de recessão do Brasil, após 7 anos, muito possivelmente obtiveram retornos excelentes em seus investimos.
Empresas que desde 2015 apresentaram retornos acima de 1000%
Posição | Nome | Retorno |
1 | UNIPAR PNB – UNIP6 | 6.628,33% |
2 | TAESA PN N2 – TAEE4 | 4.574,05% |
3 | PETRORIO ON NM – PRIO3 | 4.503,90% |
4 | RIOSULENSE PN – RSUL4 | 2.294,37% |
5 | LOCAMERICA ON NM – LCAM3 | 2.109,00% |
6 | CEEE-GT ON N1 – EEEL3 | 1.868,38% |
7 | ENERGISA MT PN – ENMT4 | 1.858,43% |
8 | TREVISA PN – LUXM4 | 1.660,33% |
9 | COPEL PNA N1 — CPLE5 | 1.612,95% |
10 | BRB BANCO ON — BSLI3 | 1.478,02% |
Fonte: Plataforma 2INVESTE
Com isso, concluímos que, em períodos de inflação alta, investir na bolsa de valores pode ser uma boa pedida. Porém, vale destacar que o seu retorno não aparecerá logo de cara no curto prazo. A oportunidade se dará na possibilidade de obter bons ganhos no longo prazo.
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