Em um prazo maior, porém, o rendimento dos ‘fundos macro’ ganham do indicador, diz estudo.
Por Karina Trevizan para Invest News
As surpresas negativas de 2021 ajudaram a empurrar para baixo o retorno dos fundos de investimento multimercado que têm estratégias baseadas no cenário econômico. Em uma lista com os 47 principais fundos desse tipo, a rentabilidade média no ano passado ficou perto de 2,3% – abaixo da inflação e do CDI (Certificado de Depósito Interbancário ou Certificado de Depósito Interfinanceiro).
É o que aponta um levantamento feito pela 2INVESTE, utilizando a plataforma Quantum Axis com fundos multimercado com estratégias baseadas na macroeconomia. Os chamados “fundos macro” são os que investem em renda fixa, ações, câmbio ou outras explicações seguindo uma estratégia que acompanha os principais indicadores da economia.
Dessa forma, os gestores buscam entender quais investimentos podem render melhor levando em consideração as perspectivas para juros, inflação, crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), inflação entre outros indicadores.
O levantamento da 2INVESTE considera o intervalo entre 4 de janeiro e 20 de dezembro do ano passado. Nesse período, os fundos macro perderam em rentabilidade para o CDI e para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), principal indicador de inflação no Brasil. Veja abaixo:
Gabriela Mosmann, analista da Suno Research, aponta que o aumento da Selic de maneira mais rápida e intensa do que o mercado esperava ajuda a explicar o desempenho negativo dos fundos macro, e acrescenta que ele está relacionado à frustração com outros indicadores da economia, como inflação e PIB.
“Demorou para a taxa Selic começar a aumentar porque o Copom (Comitê de Política Monetária) estava achando que a inflação ia estar mais controlada, o que não aconteceu. Precisaram acelerar a subida da Selic porque a inflação começou a vir, sim, muito maior do que era o esperado. Isso é um reflexo de outros fatores da economia. A gente viu um desaquecimento. Esperávamos que haveria uma retomada da economia, e ela não veio”, diz Mosmann.
E o longo prazo?
Se em 2021 os fundos macro perderam para o CDI, em um prazo mais longo eles tiveram uma rentabilidade maior. Segundo o levantamento da 2INVESTE, em prazos de 2 a 5 anos, a rentabilidade média desse tipo de investimento foi mais elevada na comparação com o indicador. Os números mostram ainda que, quanto maior o prazo, maior a vantagem sobre o CDI. Veja abaixo:
Mosmann aponta que “os fundos macro, sim, são muito atraentes porque, de certa forma, eles vão estar olhando as movimentações da economia para conseguir se adaptar. O gestor macro, a gente espera que ele consiga identificar, por exemplo: ‘agora a gente vai ter uma tendência maior para bolsa, então vou conseguir me posicionar mais em bolsa’, ou ‘agora eu vou ter uma queda na bolsa, talvez a taxa de juros ou a inflação vão aumentar, então talvez eu consiga me posicionar nisso’. Você espera que o gestor macro consiga surfar nessas mudanças de ondas da economia.”
Mas ela acrescenta que “vale lembrar que a gente tem um universo muito grande de fundos multimercado, mas a minoria consegue realmente ter um diferencial, rentabilidades maiores”. “Então, como a grande maioria dos fundos é multimercado macro, a gente vai ver a grande maioria performar mal”, afirma, recomendando que o investidor escolha um gestor com cautela antes de escolher um fundo macro para aplicar seu dinheiro.
Veja abaixo os fundos macro com as maiores rentabilidades num prazo de 5 anos, segundo a 2INVESTE:
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Autora: Karina Trevizan: Jornalista da Invest News
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Sistema de Dados e Informações Financeiras:2INVESTE
- Fonte: Invest News publicado em 24/01/2022